ATA DA QUINQUAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 26-6-2014.

 

Aos vinte e seis dias do mês de junho do ano de dois mil e quatorze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Clàudio Janta, Elizandro Sabino, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Derly, Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Mario Fraga, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Paulo Brum e Professor Garcia. Constatada a existência de quórum, o Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alberto Kopittke, Any Ortiz, Cassio Trogildo, Christopher Goulart, Delegado Cleiton, Dr. Thiago, João Carlos Nedel, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Pedro Ruas, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei do Legislativo nº 100/14 (Processo nº 1043/14), de autoria do vereador Dr. Thiago; o Projeto de Lei do Legislativo nº 123/14 (Processo nº 1281/14), de autoria do vereador Idenir Cecchim; o Projeto de Lei do Legislativo nº 106/14 (Processo nº 1096/14), de autoria do vereador Mario Manfro; o Projeto de Lei do Legislativo nº 104/14 (Processo nº 1091/14), de autoria do vereador Pedro Ruas e da vereadora Fernanda Melchionna; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 008/14 (Processo nº 0823/14), de autoria do vereador Professor Garcia; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 037/14 (Processo nº 0483/14), de autoria do vereador Roni Casa da Sopa. Ainda, foi apregoado Ofício nº 602/14 do Prefeito, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/14 (Processo nº 0441/14). Do EXPEDIENTE, constaram comunicados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação, emitidos em quatro de junho do corrente. Em seguida, por solicitação do vereador Professor Garcia, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma a Santa Alves dos Santos, mãe do vereador Paulinho Motorista. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Waldir Canal, Líder da Bancada do PRB, solicitando Licença para Tratamento de Saúde para a vereadora Séfora Mota do dia de hoje ao dia três de julho do corrente, tendo o Presidente declarado empossado na vereança o suplente Christopher Goulart, informando que integraria a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana. Na ocasião, foi apregoada Declaração de autoria do vereador Mario Fraga, Vice-Líder da Bancada do PDT, comunicando o impedimento da suplente Luíza Neves em assumir o exercício da vereança do dia de hoje ao dia três de julho do corrente. Após, foi apregoado o Memorando nº 011/2014, da vereadora Fernanda Melchionna, informando que, a partir do dia dezenove de junho do corrente, interrompeu sua Licença para Tratamento de Saúde e reassumiu suas atividades parlamentares. Após, o Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, a Lúcio Ignácio Regner, Diretor Presidente Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional – FECI, que discorreu sobre as atividades sociais corporativas da entidade e seus convênios. Em continuidade, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Dr. Thiago, Engº Comassetto e Cassio Trogildo manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. A seguir, o Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, a Lúcio Ignácio Regner. Os trabalhos foram suspensos das quatorze horas e trinta e oito minutos às quatorze horas e quarenta e um minutos. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Elizandro Sabino, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do Dia Mundial de Enfrentamento às Drogas, nos termos do Requerimento nº 049/14 (Processo nº 1157/14), de autoria do Ver. Elizandro Sabino. Compuseram a Mesa o vereador Mauro Pinheiro, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e Josiane Weiss, Presidenta do Conselho Municipal sobre Drogas de Porto Alegre – COMAD. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Elizandro Sabino, Mario Fraga, Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna, Any Ortiz, Clàudio Janta, Engº Comassetto, João Carlos Nedel, este em tempo cedido pela vereadora Mônica Leal, Dr. Thiago, este em tempo cedido pelo vereador Márcio Bins Ely, e Lourdes Sprenger, esta em tempo cedido pelo vereador Valter Nagelstein. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Reginaldo Pujol, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje. Também, foi aprovado requerimento verbal formulado pela vereadora Sofia Cavedon, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Tarciso Flecha Negra. Em prosseguimento, o Presidente concedeu a palavra a Josiane Weiss, que se pronunciou sobre a presente solenidade. Os trabalhos foram suspensos das dezesseis horas e doze minutos às dezesseis horas e quinze minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Engº Comassetto, Kevin Krieger, Christopher Goulart, Alberto Kopittke, Delegado Cleiton e Idenir Cecchim. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos 003 e 015/14, os Projetos de Lei do Legislativo nos 333/13, 109, 112, 116 e 126/14, o Projeto de Lei do Executivo nº 020/14, o Projeto de Resolução nº 020/14; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 010/14. Durante a Sessão, foram registradas as presenças, neste Plenário, de Mario Schilling, da FECI; de Adalberto Lima, Delegado da Polícia Civil; e de Joseane Mafalda Kehl, Presidenta de Assistência Social da Comunidade Terapêutica Novos Rumos. Às dezesseis horas e cinquenta e seis minutos, constatada a inexistência de quórum, o Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Professor Garcia, Mauro Pinheiro, Guilherme Socias Villela e Elizandro Sabino e secretariado pelo vereador Guilherme Socias Villela. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.

 


O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Solicito um minuto de silêncio pelo falecimento da Sra. Santa Alves dos Santos, mãe do Ver. Paulinho Motorista.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

(O Ver. Mauro Pinheiro assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Apregoo o Requerimento de autoria do Ver. Waldir Canal, que, como Líder da Bancada, solicita Licença para Tratamento de Saúde, no período de 26 de junho a 3 de julho de 2014, para a Ver.ª Séfora Mota. A Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Christopher Goulart, que integrará a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana, em função da impossibilidade de a Suplente Luiza Neves assumir a Vereança.

Apregoo o Memorando nº 011/14, de autoria da Ver.ª Fernanda Melchionna.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Tribuna Popular de hoje tratará das atividades sociais corporativas da Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional. O Sr. Lúcio Ignácio Regner, Diretor-Presidente da FECI, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos. Registramos a presença do Mario Schilling, da Captação de Recursos da FECI.

 

O SR. LÚCIO IGNÁCIO REGNER: Boa tarde. Cumprimentando o Presidente Mauro Pinheiro, eu cumprimento todos os Srs. Vereadores aqui presentes, bem como o público em geral. Nós estamos aqui nesta tribuna para apresentarmos o trabalho social corporativo que o Sport Club Internacional realiza há 37 anos, e no dia 22 de julho completaremos 38 anos! Todos os anos, em uma data mais apropriada, em setembro, nós costumamos comemorar essa data e fazer uma prestação de contas aos munícipes de Porto Alegre, onde contamos com a presença de autoridades civis, eclesiásticas, bem como do mundo esportivo.

Digo aos senhores que a Fundação é uma instituição privada sem fins lucrativos que visa atender os problemas sociais, principalmente na área da vulnerabilidade. Estamos também engajados em um projeto que foi lançado nacionalmente pela ex-Ministra Maria do Rosário, o Disque 100, que tem apoio da União Europeia, da UNICEF, e muito nos orgulha essa participação. Isso não é só durante a Copa, é permanente.

Nós temos projetos conveniados com o Município, no caso, a SMED, como o Projeto Cidade Escola, em que temos atendimento em 27 escolas públicas, com jornada diária de 2.500 atendimentos; 25 alunos por turno; no contra-horário, estamos dando suplemento em matemática, letras e lúdicos. Estamos construindo caminhos para que crianças e adolescentes em vulnerabilidade social busquem soluções para sua futura participação no ambiente social.

Temos também o ProJovem, junto à FASC, onde temos 560 jovens entre 15 e 18 anos participando de oficinas desse acompanhamento educativo com a finalidade de formarmos futuros cidadãos e cidadãs deste Município, Estado e País.

Temos também o Projeto Interagir, que são 300 crianças em vulnerabilidade social, oferecendo várias atividades no contraturno escolar. Vejam os senhores que em função desses projetos, o ano passado, a Assembleia Legislativa do Estado, junto com a Federasul, nos obsequiou o Prêmio Líderes e Vencedores, que vem sendo realizado desde 1995, e muito nos honrou essa premiação.

Espero que esta Casa possa nos amparar numa solicitação que passamos a fazer. Nós temos aqui a presença de um profissional que se doa à captação de recursos dentre as possibilidades existentes, tanto no campo privado, quanto no campo público, fazemos via OSCIP, via destinação de Imposto de Renda, renúncia de ICM, e precisamos desse recurso porque a mantenedora, que é o Sport Club Internacional, nos repassa atualmente R$ 5.500,00 ao mês, mas vejam os senhores que o conjunto da obra exige muito mais. Então nós precisamos dessa participação da sociedade, seja ela privada ou publica para chegarmos aos nossos objetivos.

Tenho também um pedido para deixar no ar, que esta Casa provavelmente em momento muito próximo será consultada, da possibilidade de nós termos uma área própria próxima ao Gigante da Beira-Rio, para que possamos lá instalar uma biblioteca, que já temos e que é utilidade pública; em termos de clube de futebol é a maior da América do Sul. Em termos de espaço físico, localizarmos ali todo atendimento público, bem como as áreas destinadas às oficinas dos projetos da FECI. Também estamos pensando, já existe um pré-projeto, na instalação de um museu, que é da Fundação, do Inter, o Museu da Imagem e do Som, que é uma das coisas que qualquer clube esportivo sempre se preocupou, e o Internacional não é diferente dos demais. E espero que os senhores, ao receberem esse projeto de lei, o examinem com muito carinho, porque é a cidade de Porto Alegre que está solicitando - a Fundação FECI é simplesmente o meio.

Quero deixar também registrado um agradecimento, e este me parece o momento, ao meu amigo Villela, que, lá pelos idos de 1980, quando Prefeito indicado, me permitiu que ocupássemos a área sul, desde que fosse ali alocado como área de recreação de campos de aprimoramento das categorias de base. Eu quero deixar esse registro, porque o senhor foi um visionário, independentemente da sua cor clubística, que eu sei que é colorada, ex-conselheiro do Clube.

Peço aos senhores para que haja, por parte desta Casa, uma resposta às nossas solicitações. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Convido o Sr. Lúcio Ignácio Regner, Presidente da Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional - FECI, a fazer parte da Mesa, junto com o nosso Vereador, e sempre Prefeito, Guilherme Socias Villela.

O Ver. Kevin Krieger está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. KEVIN KRIEGER: Boa tarde, cumprimento o Ver. Mauro Pinheiro, Presidente, e o Sr. Lúcio, Diretor-Presidente da FECI; em nome da Bancada do Partido Progressista, do Ver. Guilherme Socias Villela, do Ver. Nedel, da Ver.ª Mônica e em meu nome quero parabenizar a FECI pelo trabalho. Tive o prazer e a satisfação de, ao longo do período em que presidi a Fundação, fazer diversos trabalhos com a FECI. E sei que hoje, o Projovem Adolescente, que ela desenvolve com a FASC, é um dos melhores trabalhos desenvolvidos para adolescentes, de 14 a 17 anos, no turno inverso escolar.

Também quero colocar que foi importante a FECI inclusive no Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, pois fez com que o Grêmio criasse o Instituto Geração Tricolor - IGP. E essa rivalidade é muito importante, porque se somaram, e hoje são os dois clubes do Brasil que desenvolvem um trabalho com criança e adolescente ajudando o Governo Municipal, a sociedade de Porto Alegre a construir mais cidadãos de bens. Parabéns, Lúcio, parabéns à FECI, parabéns ao Internacional.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. LOURDES SPRENGER: Quero cumprimentar o Sr. Presidente pelas suas palavras e por esse trabalho que envolve atividade social e cultural, porque isso vem sempre somar aos indivíduos para termos uma sociedade melhor, com menos discriminação, com menos violência. A partir desses trabalhos positivos é que podemos ter esses resultados. Faço estes cumprimentos em nome da nossa Bancada, o PMDB, e da Bancada do SDD, do Ver. Clàudio Janta.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado, Presidente. Quero parabenizar o Sr. Lúcio pela exposição e dar o depoimento, como colorado, no sentido de que o trabalho que a FECI desenvolve, sem dúvida nenhuma, faz com que possamos resgatar muitos desses jovens, que, efetivamente, poderiam, no turno inverso da escola, estarem à deriva, serem suporte ao tráfico, não terem um destino tão produtivo como estão tendo e a oportunidade, principalmente, que estão tendo no sentido de se afastar do caminho do mal, procurando o caminho do bem, da inclusão e da cidadania. Parabéns à FECI, parabéns ao Sport Club Internacional por este trabalho que desenvolve junto à nossa comunidade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Prezado Sr. Lúcio Regner, em nome da minha Bancada, do Partido dos Trabalhadores, inicialmente queremos cumprimentá-lo, porque é a primeira autoridade do Internacional que vem a esta Casa depois que se iniciou a Copa do Mundo. Quero cumprimentá-lo pelo papel que está fazendo o Internacional neste brilhante evento mundial. Certamente muitas daquelas crianças que entram em campo com os jogadores são frutos de toda esta política que o Internacional vem fazendo e que o senhor traz aqui através da Fundação. Há um enfrentamento nacional para que possamos valorizar as crianças em todas as possibilidades da energia que têm nessa fase da vida, tanto que, a partir de 2016, nenhuma criança deverá estar fora da escola a partir dos seus dois anos de idade.

Então, quero cumprimentar o Internacional e colocar-nos sempre à disposição para contribuir e principalmente para ajudar a divulgar este trabalho que o senhor e toda a equipe do Internacional e da Fundação vêm realizando. Muito obrigado e parabéns.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Cassio Trogildo, Vereador e Conselheiro do Internacional, está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIO TROGILDO: Obrigado, Sr. Presidente. Falo, aqui, em nome da minha Bancada, o PTB - formada pelos Vereadores Paulo Brum, Alceu Brasinha, Elizandro Sabino e por este Vereador. Quero parabenizar o professor Lúcio, que foi meu professor na Universidade Federal, na disciplina de Álgebra Linear e Geometria Analítica; conhecemo-nos de longa data. O professor Lúcio teve uma grande participação inclusive na história do primeiro Beira-Rio; agora, temos o novo Beira-Rio. Como dirigente do Internacional, agora o Professor Lúcio vem prestando um grande trabalho junto à FECI, nessa grande congregação do Internacional, que faz também um trabalho de assistência nas suas escolinhas, nas suas categorias de base - tudo isso é trabalho assistencial. Somando com o trabalho da FECI, que tem também uma grande parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, justamente podendo dar o amparo para as crianças, quando elas estão lá ocupadas – através desse trabalho assistencial -, estão fora das ruas.

Parabéns ao professor Lúcio e parabéns à FECI por esse grande trabalho que desenvolve o Sport Club Internacional. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em nome da Casa, parabenizamos a Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional pelo excelente trabalho que presta. Colocamos esta Casa à disposição sempre que a Fundação julgar necessário. Como sempre, estamos à disposição não só do Internacional, mas também do Grêmio, as duas potências do nosso Estado - falo isso para o Ver. Alceu Brasinha não ficar brabo. Cada um de nós tem sua preferência, mas trabalhamos pela comunidade como um todo. Colocamo-nos sempre à disposição, pois os clubes têm feito um brilhante papel, representando nosso Estado.

O Sr. Lúcio Ignácio Regner está com a palavra para as considerações finais.

 

O SR. LÚCIO IGNÁCIO REGNER: Quebrando o protocolo, por um minuto, aos Vereadores gremistas vou contar uma historinha: no ano de 2004, nós iniciamos, junto com a Procergs e junto com a FIERGS, por doações de computadores recuperados, oficinas de cursos de digitalização e de certificação em computação. Nós não discriminamos nenhuma criança: tendo cidadania brasileira ou estrangeira, ela é parte da nossa preocupação. Pois uma menina, estando num congresso representando o Estado do Rio Grande do Sul em Brasília – por coincidência, o ex-Presidente Jorge Vieira da Cunha, lá estando, resolveu participar do congresso para saber quais eram as últimas atividades – ao se pronunciar, disse o seguinte: “Eu aprendi certificação digital e computação na FECI, que é do Sport Club Internacional, mas eu sou gremista.” (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h38min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro – às 14h41min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. ELIZANDRO SABINO (Requerimento): Sr. Presidente, solicito a inversão da ordem dos trabalhos, para que possamos, imediatamente, entrar no período de Comunicações. Após retornamos à ordem normal.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Ver. Elizandro Sabino. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje, este período é destinado a assinalar o Dia Mundial de Enfrentamento às Drogas, nos termos do Requerimento nº 049/14, de autoria do Ver. Elizandro Sabino. Convidamos para compor a Mesa a Sra. Josiane Weiss, Psicóloga e Presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas - Comad.

O Ver. Elizandro Sabino, proponente desta homenagem, está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIZANDRO SABINO: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro, nós queremos aqui trazer a referência da homenagem que propomos, que assinala o transcurso do Dia Mundial de Enfrentamento às Drogas. Aqui, no dia de hoje, conosco, atendendo ao convite, a psicóloga clínica Josiane, Presidente do Comad, Mestre em Psicologia e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Especialista em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo, Especialista em Psicoterapia Psicanalítica pela PUC e conselheira do Conselho Estadual de Políticas Sobre as Drogas - Coned/RS. Também queremos aqui registrar e consignar a presença das conselheiras do Comad, Ana Beatriz Lima Nunes de Oliveira e Irmã Viviane Cristina Rodrigues, que representam aqui a Comunidade Terapêutica Casa Marta e Maria. Portanto, muito nos honra sua presença no dia de hoje com este tema tão importante que esta Casa traz à luz para uma reflexão. Aliás, hoje, é o Dia Internacional de Combate às Drogas. Oportuno referir também que a nossa psicóloga Josiane também atua na Clínica Help que é integrada por profissionais especializados que trazem consigo a diversidade de experiências no atendimento à saúde e também atua especialmente na área de saúde mental, tendo como carro chefe o tratamento na área da dependência química. Nós no dia de hoje queremos referir que este tema veio à tona para que possamos aqui fazer uma reflexão nesta Casa Legislativa, uma casa formadora das leis. A nossa experiência é desde a época em que eu atuava no Conselho Tutelar - atuei 6 anos no Conselho Tutelar na Zona Sul de Porto Alegre, fui coordenador geral do Conselho Tutelar em Porto Alegre. Obviamente nessa atuação, por muitas vezes, em muitas situações, nos defrontamos com situações de crianças e adolescentes com problemas de uso abusivo de drogas.

Recordo-me de uma experiência: uma mãe me chamou na sua casa - uma das cenas que mais me impactou - porque seu filho estava já num estado de muita dificuldade no que diz respeito ao uso abusivo de drogas. E quando eu estava chegando à casa vi um garoto saindo com um botijão de gás às costas. Pois era justamente o filho dessa senhora que me chamava - havia furtado o botijão para vender e comprar drogas. Esta é uma situação terrível; quando as famílias atravessam essa experiência difícil no que diz respeito a um familiar ou até mesmo um amigo que tenha envolvimento com drogas passa por essa luta constante no que diz respeito à busca incessante de que essa pessoa seja livre das drogas. Para os especialistas, a dependência de drogas é o maior problema de saúde pública e segurança que já houve e se agrava cada dia mais.

Um dos motivos é o fato também de o Brasil fazer fronteira com os países que mais produzem cocaína no mundo. E a dependência de entorpecentes é a maior justificativa de interdições de jovens no Brasil. Os dados falam por si só. Por exemplo, no que diz respeito ao uso do álcool, 64% dos homens e 39% das mulheres adultas relatam consumir álcool regularmente. Os efeitos são terríveis, avassaladores: 32% dos adultos que bebem referiram já não terem sido capazes de conseguir parar depois que começaram a beber; 10% dos entrevistados referiram que alguém já se machucou em consequência do consumo de drogas ou de álcool, e aí vai. No que diz respeito à maconha, mais de 3 milhões de adultos, com idade entre 18 e 59 anos, relatam que já fumaram maconha no último ano. Ou seja, cerca de 8 milhões de adultos já experimentaram a droga alguma vez; 62% tiveram o primeiro contato com a maconha aos 18 anos de idade. São dados que nos surpreendem. No que diz respeito ao uso de crack, 14% do total são crianças e adolescentes, o que equivale a mais de 50 mil usuários no Brasil.

Vejam, senhores e senhoras, amigos, Vereadores Mario Fraga, Paulo Brum, Christopher Goulart, Clàudio Janta, Villela, Cassio, Any Ortiz, o Brasil representa hoje 20% do consumo mundial e é o maior mercado de crack no mundo. Então, nós não estamos hoje aqui, no Dia Mundial de Enfrentamento às Drogas, tratando de um tema que é singelo, que não tem complexidade. Muito antes pelo contrário; nós estamos hoje assinalando o Dia Mundial de Combate às Drogas, um tema extremamente relevante e que todos nós devemos, juntos, de mãos dadas, estar conscientes a respeito dessa necessidade. Como fator determinante na luta contra as drogas, nós temos a dificuldade de acesso ao atendimento, e aí é um problema de saúde.

E, finalmente, para concluir aqui a minha exposição, debater, aprofundar no entendimento, o conhecimento a respeito desse tema, à medida que se impõe, para que possamos ser protagonistas na luta, Ver. Mauro Pinheiro, e no combate contra as drogas, acima de tudo, devemos ter o amor no coração e o desejo de salvarmos vidas de um futuro drástico e triste. Muito obrigado a todos, e juntos, em alto e bom som, estaremos unidos no dia de hoje, e não somente hoje, mas sempre no combate ao enfretamento às drogas. Obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Mario Fraga está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MARIO FRAGA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje temos um tema, Ver. Christopher Goulart, que assume a nossa Bancada hoje, enfrenta todos os dias, já que esteve lá na Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, até há pouco tempo, então, é um tema que o Ver. Elizandro Sabino domina cem por cento. Então, venho aqui, Dra. Josiane, para fazer uma homenagem ao Elizandro, uma homenagem a V.Sa. que trabalha nesta área, mas também dizer que, na verdade, como Ver. Elizandro Sabino falou, Ver. Paulo Brum, que não é hoje o dia; o dia contra as drogas são todos os dias. E eu falo isso porque tenho um irmão que é conselheiro tutelar, no segundo mandato, já atuando nesta área há muito tempo. E, às vezes, Dra. Josiane, quando a gente pensa que são as crianças que estão nas drogas – de lá do Conselho Tutelar, que tenho esse fato e essa história -, são os pais. Primeiro, são os pais, que já são viciados em alguma coisa e que colocam as crianças nesse vício ou que transformam a criança, como falam, num aviãozinho que leva e traz a droga para casa. Então, eu venho aqui para colocar à disposição, eu falei com a Dona Josiane ainda há pouco, acho que ela já esteve outras vezes aqui. E, Josiane, eu faço parte da Comissão de Direitos Humanos, aqui da Casa, vou falar com o Ver. Alberto Kopittke, e tenho certeza de que os outros Vereadores da Comissão também aceitarão a minha indicação para que V. Sa. vá à nossa Comissão, relate os fatos que acontecem junto ao seu Conselho para que na nossa Comissão - pois o Ver. Alberto Kopittke tem feito um mapa da violência em Porto Alegre - se coloque também o que acontece com as drogas no nosso Município. Então, já fica aqui esse meu convite, mas vou pedir para o Presidente oficializar formalmente para que V.Exa. vá à nossa Comissão de Direitos Humanos e preste seu depoimento para que a gente possa, talvez, começando pela Comissão, – e aqui nós somos 36 Vereadores – alguma coisa nova que venha enriquecer o seu trabalho, o trabalho do Conselho, para que possamos não só hoje, no Dia Mundial de Enfrentamento, mas eu acho que todos os dias deveriam ser dias de enfrentamento à droga. Porque todos nós sabemos que, neste momento, tem alguém consumindo droga. Meus parabéns pelo seu trabalho e muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu acho que este tema é bastante importante. Quero cumprimentar o Ver. Sabino, quero cumprimentar a psicóloga Josiane, que é Presidente do Comad. Gostaria, inclusive, não sei se não está invertido aqui, Ver. Mauro, de tê-la ouvido para depois podermos discutir, mas o formato aqui é de uma homenagem, então eu quero fazer o registro de que, de fato, este Conselho tem um grande desafio. O tema das drogas hoje é o principal tema que mobiliza, que mantém o circuito de violência neste País. É um tema de muito difícil enfrentamento pela necessidade de ações articuladas, continuadas, de médio e longo prazo, por não haver solução simples, por não significar apenas necessidade de intervenção de saúde, por ter dimensão de segurança, de assistência social, de educação, de estado nacional, de seguridade e soberania nacional, de relações internacionais e de uma dimensão psicológica importante e subjetiva de cada indivíduo; além de ser controversa porque também tem uma discussão ética, uma discussão que trabalha com a questão moral, tem, de fato, muitas dimensões, Ver.ª Fernanda. Mas o que quero afirmar é que nós vivemos períodos bastante desafiadores nesse sentido, porque acho que o Brasil tomou iniciativas fortíssimas no sentido de proteção da infância, de disputar a nossa criança e no nosso adolescente para que ele não tome o caminho da droga ou do negócio da droga. Não dá para desprezar que 20 milhões de famílias têm a entrada no sistema de assistência social, através do Bolsa Família, através do cadastro único, porque nem todos que estão no cadastro único estão no Bolsa Família. O cadastro único é para fazer um diagnóstico, é uma porta de entrada, é o acesso à formação técnica, à assistência, para o Bolsa Família, mas também para uma série de outras políticas sociais e para a compreensão do Brasil, da nossa população mais vulnerável. Ora, uma experiência ou uma ação potente de governo, de orçamento, que vem fazendo com que milhões de famílias coloquem as suas crianças na escola e, de fato, venham garantir a frequência à escola; que milhões de famílias levem os seus filhos nos postos de saúde, porque tem que ter a vacina, portanto, algum tipo de intervenção de saúde ou alguma responsabilidade com esses filhos... Bom, se temos esse programa potente, que constrói, através do SUAS, uma busca ativa para que essas famílias ingressem em várias frentes, ou seja, de trabalho, de formação, de assistência, de educação, para que se emancipem, para que superem sua condição de vulnerabilidade, se nós olharmos a outra ponta em que nós estamos produzindo empregos de carteira assinada, produzindo empregos reais, produzindo a possibilidade da autonomia, da soberania, da sobrevivência.

Se nós olharmos para o outro lado, a Presidenta Dilma hoje anuncia, Ver. Engenheiro Comassetto, mais 100 mil vagas no Ciência sem Fronteiras. Ora, isso significa oferecer à nossa juventude uma outra perspectiva. Quer dizer, eu hoje posso ingressar, tem vaga no Ensino Fundamental, eu tenho política para o Ensino Médio, eu tenho política para o ingresso no Ensino Superior, política que acessa o jovem, que tem quota para o jovem oriundo da escola pública, e eu tenho a perspectiva de o Governo brasileiro pagar o meu curso no Exterior. Essa é a retomada da esperança do meu lugar na sociedade. Então é o emprego, é o desenvolvimento, é a proteção social, e temos índices de violência e de drogadição que a gente vivencia. É, de fato, uma nova construção social de conhecimento e de tecnologia social necessárias a fazer. Nós sabemos que a produção da violência, a reprodução, porque o Brasil é fundado na violência, no patriarcalismo, na opressão de gerações inteiras de negros e negras, de mulheres; portanto um povo oprimido, calado, torturado em 30 anos de ditadura, obviamente teve de sê-lo através da violência, e isso traça marcas no povo brasileiro. Portanto, essa ruptura não é uma ruptura simples, está provado diante de tudo o que o Brasil está construindo; é uma ruptura que depende de mudança cultural profunda. E eu não tenho a menor dúvida de que uma das mudanças, portanto, é a produção da postura pública, da opinião pública, através da mídia de massa.

Então um dos temas que nós temos que trabalhar no enfrentamento é a produção, a capacidade de chegar, cada um dos brasileirinhos, cada uma das brasileirinhas, através dos meios de comunicação de massa, que, lamentavelmente, hoje, servem para formar consumidores, para banalizar a vida, para banalizar a mulher, para tirar, portanto, aquela relação de valores com a vida e transformar o sujeito apenas feliz quando consome, e, se ele consome, ele precisa consumir a droga, precisa estar consumido, comprando, porque é assim dizem que ele encontra a felicidade.

Eu quero trazer essa dimensão à Josiane para o nosso debate. Essa dimensão é uma dimensão bastante séria. Hoje toda a produção da opinião pública é financiada por quem quer vender, e portanto a mídia de massa produz consumidores. E consumidores não são felizes de outra maneira senão comprando, consumindo, descartando. Para mim, esse é o grande alimentador da drogadição neste País.

Obrigada pela tua presença, e que este debate nos possa fazer avançar. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Registro a presença do Sr. Adalberto Lima, Delegado da Polícia Civil, Coordenador do Serviço de Prevenção e Educação do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente, e da Sra. Joseane Mafalda Kehl, Presidente de Assistência Social da Comunidade Terapêutica Novos Rumos.

Faço o registro, porque a Vereadora falou das falas, e me passaram que a Sra. Josiane vai falar depois dos inscritos, após a fala dos Srs. Vereadores.

A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Boa tarde a todos e a todas, quero cumprimentar a Josiane, aqui presente, agradecer a Ver.ª Any que me permitiu falar antes dela.

Aproveito este momento de discussão para trazer dois aspectos importantes na nossa opinião, Ver. Sabino.

Primeiro, a questão da prevenção, e a prevenção passa, necessariamente, pelas políticas públicas dentro das comunidades, das políticas públicas educacionais, culturais, da ação pró-ativa do Estado dentro das comunidades, junto com as crianças e os adolescentes, dentro das escolas, antes que a gangue capitalista - o narcotráfico extremamente violento - coopte as crianças e os adolescentes, seja para fazer aviãozinho, etc. Porque esses jovens são jovens descartáveis nessa gangue capitalista e violenta, que mata a nossa juventude com essa política pública falida, que temos vivenciado no Brasil, e que tem gerado, estimulado e aumentado os índices de violência.

Mas, primeiro, quero me deter nessa questão das políticas públicas e da necessidade das políticas de atenção psicossocial.

Porto Alegre, uma capital com 1,4 milhão de pessoas, necessitaria de, no mínimo, mais dez Centros de Atenção Psicossocial, Álcool e Drogas para conseguir dar conta da enorme demanda que nós temos de pessoas que buscam se livrar do vício, a partir da tentativa de garantir leitos de internação, etc., junto com um atendimento mais global, com assistência social, com psicologia, junto com a família, como são os Caps AD. Infelizmente, muitas vezes, o usuário quer se livrar da dependência, mas não consegue. Diante dos poucos recursos investidos nessa política, nós temos essa limitação de tratamento e de permitir que o próprio usuário, a partir da sua vontade, busque eliminar e combater a dependência química.

Por outro lado, eu queria debater essa questão da política que vem sendo implementada no Brasil, que vem sendo uma política absolutamente falida, uma política de criminalização do usuário. A chamada guerra às drogas, criada nos Estados Unidos, está sendo revista pelo próprio país, por vários estados, por vários teóricos, que dizem que é uma política falida. E nós continuamos andando na contramaré da história, fazendo uma política que, na verdade, se transformou numa guerra à pobreza, numa lógica de criminalização do usuário, e não numa lógica de buscar reduzir danos e combater a dependência. Instituiu-se uma política que faz com que quase 30% das pessoas no Presídio Central estejam presas por tráfico, quando nós sabemos que são usuários ou pequenos traficantes, jovens que, muitas vezes, não tiveram a ação do Estado antes, e que, na verdade, no Presídio Central, são colocados às piores condições humanas. Lamentavelmente, o Presídio Central é uma violência com todos aqueles que deveriam estar num espaço de ressocialização e estão num espaço de violência psíquica e de ataque à dignidade humana, e não de busca, de fato, de ressocialização. E mais que isso, a lei das drogas, de 2006, que disse que descriminalizaria o uso, coloca que o tráfico fica a critério da quantidade e das circunstâncias da detenção. Então se um jovem negro, pobre, é preso com seis gramas, em qualquer bairro periférico da Cidade, em geral, é julgado como traficante; se é branco, se é rico, é usuário. Uma lei extremamente facilitadora para a seletividade penal e que, por outro lado, segue a lógica de criminalização da pobreza, e não de busca de enfrentamento das raízes do problema. Por acharmos que tem que se buscar combater as raízes do problema, o nosso Deputado Federal Jean Wyllys apresentou um projeto de regulamentação do uso da maconha justamente para garantir que, primeiro, se regulamente, se busque a taxação, e a partir desses recursos, aumente-se a rede de prevenção; para que se combata, periodicamente, colocando publicamente os males, os malefícios que as drogas - nós não estamos falando de um tipo só -, fazem ao usuário. Assim como nós temos hoje com o cigarro, para o qual foram feitas campanhas educativas que reduziram em 50%, nos últimos vinte anos, o uso de tabaco. Assim como é necessário fazer com a bebida alcoólica, porque, infelizmente, a propaganda do álcool segue liberada, infelizmente, e o alcoolismo mata e mata muitas pessoas, é gerador de enormes problemas sociais como a violência dentro da família. São drogas legalizadas e no caso do álcool não se avançou nas campanhas contra o seu uso sistemático. Portanto, temos que buscar uma nova política com relação às drogas. Nós apoiamos a iniciativa do Uruguai, achamos que política pública não se faz com tabu, mas com dados, estatísticas e prevenção, e a política até hoje implementada no Brasil só aumentou o número de usuários e só criminalizou a pobreza.

 

(Não revisado pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): A Ver.ª Any Ortiz está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. ANY ORTIZ: Muito boa tarde a todos e a todas. Presidente Mauro Pinheiro; Sra. Josiane Weiss, eu queria dizer ao Ver. Sabino que é muito importante trazer essa discussão aqui para a Câmara. Não que a gente não discuta a questão das drogas no nosso dia a dia, porque os dados e os números mostram o que nós temos na realidade vivida aqui na cidade de Porto Alegre. É uma situação vivida em todo o Brasil e vemos um número de jovens, de adolescentes, cada vez maior e consumindo cada vez mais cedo, ingressando no mundo das drogas. Gostaria de contribuir, e a Ver.ª Fernanda também trouxe, quanto à questão da criminalização do usuário, de tratar o usuário como um criminoso e não como uma pessoa que está doente, que está precisando de ajuda, que está precisando do poder público. E que este tema das drogas seja discutido muito antes, muito cedo, principalmente com as crianças e com os adolescentes da forma mais honesta possível. A gente não pode mais fingir que esse problema não existe ou identificar que o problema do uso das drogas é da classe média. As drogas estão em todas as classes, estão acabando com as famílias, destruindo futuros, destruindo a juventude. A gente pode ver, pelo que o Ver. Sabino trouxe, que as crianças, muitas vezes, muito antes de entrarem na adolescência, já estão fazendo uso de drogas. E é muito triste quando a gente vê em documentários - e há muitos documentários sobre isso -, crianças sem nenhuma expectativa, em que o seu sonho de vida é ser traficante, em que a realização profissional e o que elas almejam como futuro é poder estar dentro daquele grupo que coordena determinada comunidade ou determinado bairro com o tráfico de drogas. Isso é o Poder Público não mostrar e não dar perspectiva para essas pessoas. A gente tem que trabalhar a questão referente às drogas de uma maneira muito séria, de forma a que gente jamais escute uma criança, como ocorreu no documentário, dizer: “E se você morrer?” Ele responde: “Se eu morrer, nasce outro”. Isso tem que ser sentido dentro de cada um de nós que estamos aqui com a responsabilidade de tratar a questão das drogas, que é algo muito maior do que criminalizar essas pessoas porque são dependentes. E uma criança que enxerga o traficante como o que ela quer ser quando crescer, e trabalhar com isso, e dizer que, quando morrer, nasce outra, não consegue, na escola, dentro da comunidade, ter acesso a outras questões, porque não conhece. Não é uma escolha feita entre o caminho A ou o caminho B; não, só é apresentado um caminho. E a gente tem que, como Poder Público, tratar disso não só aqui dentro da Câmara de Vereadores, o que é muito importante também, mas tratar daqui para fora, dentro desses espaços, ocupando os espaços públicos, dando oportunidades, criando políticas públicas para que isso possa ser desenvolvido de outra forma.

Eu apresentei, Josiane, aqui nesta Casa, um projeto de lei de saúde para a juventude, especificamente para a juventude, possibilitando que o Poder Executivo trate de diversos temas relativos à juventude de uma forma mais direta, com ações mais diretas, específicas para um público de 15 a 29 anos. Acho que temos que fomentar isso dentro dessa cartilha, principalmente sobre o assunto das drogas, mas não só elas, porque a juventude envolve uma série de questões como o bullying, a depressão, a criminalidade, que levam ao uso das drogas, e outras ações que podemos aqui muito contribuir.

Para finalizar, quero parabenizar o Ver. Sabino por nos proporcionar este importante debate, por este importante trabalho que não pode terminar aqui, e colocar à disposição a nossa Bancada do PPS, assim como me coloco à disposição visto que tenho esse Projeto em tramitação. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; Sra. Josiane Weiss; Ver. Elizandro Sabino, que nos permite, no dia de hoje, trazer essa discussão, que preocupa a todas as pessoas de bem, pais e mães. Muitas vezes, o uso das drogas se inicia no primeiro gole, na primeira festinha com a primeira cerveja. Acho que temos que perder essa hipocrisia. Vemos, diariamente, propagandas levando jovens a beber, mostrando lindas mulheres bebendo, com maravilhosos carros, em lugares afrodisíacos, fazendo o que as propagandas de cigarro faziam antigamente, que diziam que quem fumasse aquela marca de cigarro era o cara do esporte, era uma pessoa de influência na sociedade. Hoje, há propagandas de álcool abertamente que passam pela televisão. Eu acho que nós temos que começar a discutir uma forma de combater isso, porque está aí uma das portas que levam os nossos jovens, os nossos filhos a se transformarem em usuários de droga. Principalmente, o que já foi dito aqui nesta tribuna pelos membros desta Casa: hoje há uma forma clara de punir o usuário, mas não há uma forma de punir o fornecedor. Não há uma forma clara de punir o traficante que, muitas vezes, está no asfalto, está atrás de um terno e de uma gravata, está atrás de uma pessoa que toda a sociedade não imagina que seja quem comanda o tráfico, quem comanda os morros das cidades.

Eu acho que esse é o grande desafio que nós temos no nosso País: enfrentar de vez o narcotráfico, com uma tolerância zero. Não enfrentar o usuário, porque, quando o usuário é punido, nós, contribuintes, também somos punidos. Hoje em dia, vemos políticas públicas desenvolvidas pelas prefeituras, pelo Governo do Estado, pela União, para tirar as pessoas das drogas, como as fazendas terapêuticas, as clínicas, há várias instituições envolvidas nisso. Então, além de nós gastarmos as vidas das pessoas, nós viemos gastando um dinheiro que se torna um poço sem fundo, se nós não combatermos, de fato, o início de tudo isso.

Eu acredito que este País fez um combate grande contra o cigarro e eu sempre digo: nada prejudica mais uma família do que o álcool, porque eu acho que é pelo álcool que tudo se inicia. O álcool transforma a vida das pessoas para o mal. Nós não estamos falando em eventos de que as pessoas participam, como um churrasco ou coisa assim, estamos falando sobre o álcool que as pessoas têm acesso fácil, porque uma garrafa de bebida alcoólica custa um preço irrisório. Acho que quando o Governo taxa os produtos da cesta básica, os produtos que usamos para o nosso bem, principalmente os remédios, o Governo deveria transferir todos esses impostos para o álcool, deveria transferir todos esses impostos para as coisas que realmente desagregam a família, que destroem as famílias e os lares das pessoas. Então, nós queremos aqui agradecer ao Ver. Elizandro Sabino por trazer esse tema a esta Casa, um tema de extrema relevância, um tema que preocupa muito a todos nós, preocupa a todos os trabalhadores e a sua família, porque isso está diariamente, Ver. Elizandro Sabino, na nossa porta, isso está diariamente nos lares dos trabalhadores. Nós acreditamos que com força e fé, e combatendo, todos juntos a questão da droga num todo, da mais leve, que seria o álcool, até o crack, a cocaína, nós vamos estar construindo uma Cidade e um mundo bem melhor. Muito obrigado, doutora, pela sua presença aqui hoje.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. Reginaldo Pujol solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia 26 de junho de 2014.

O Ver. Engº Comassetto está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; prezado colega, Ver. Elizandro Sabino; prezada Sra. Josiane Weiss, nossa psicóloga, que, certamente, também como Coordenadora Presidente do Conselho Municipal sobre drogas de Porto Alegre vivencia no dia a dia, principalmente as mazelas que a drogadição traz às famílias, às crianças, aos jovens e à sociedade. Eu não acredito numa saída mais sadia para enfrentarmos problemas da drogadição do que um processo de formação que associe, obviamente, família e Estado, conjugados, porque a boa educação e a orientação certamente inicia no berço da casa, nas relações, e que as escolas têm que dar continuidade.

Eu quero tratar aqui, justamente, do momento que estamos vivendo e o que podemos vislumbrar, podemos buscar como possibilidade de enfrentamento. E nós, aqui, do Poder Público Municipal, do Legislativo, juntos, de construirmos uma política em que o tema do enfrentamento às drogas passe pela organização da sociedade, pela valorização dos espaços públicos, pelo fortalecimento das relações familiares, cada um com suas crenças, sejam elas religiosas ou filosóficas. Agora, todos nós temos um entendimento comum: as drogas destroem tudo o que nós construímos na afirmação da cidadania.

E eu li aqui, e sugiro a leitura aos colegas Vereadores, que a Presidente Dilma acabou de assinar o Plano Nacional da Educação, que destina 10% do PIB para Educação.

Também, este ano, no meio político, se construiu a política do Pré-Sal, que destinará 75% desses recursos para a Educação. No ano de 2013, foi destinado, já nessa política de toda criança na escola, que, até 2016, todas as crianças têm que estar nas chamadas escolas infantis, ou antigas creches, em um processo de educação. Isso é uma parte do Estado, um braço do Estado oferecendo locais apropriados para dar a formação inicial a essas crianças. E aqui, para Porto Alegre, o Governo Federal, em convênio com a Secretaria Municipal de Educação, tem recebido um número muito grande de escolas infantis. Meus colegas da Região do Extremo-Sul e Sul da Cidade, são 17 escolas infantis que estão sendo destinadas àquela Região, que tem o maior vazio educacional infantil de Porto Alegre. Nós podemos olhar os números e dizer também que, nas últimas duas décadas, entre a população com até 14 anos, hoje representa 2,5% de analfabetismo, fato esse que, há 50 anos, passava dos 30% dos jovens. Então, precisamos aprimorar cada vez mais esse processo de educação. E aqui o debate é feito, e nós trabalhamos muito nesse sentido.

Nesse momento, está em vigência, prezado Ver. Sabino, o Pronatec, que, em quatro anos, ofereceu 7 milhões de vagas para a formação de jovens nos cursos técnicos e que, agora está aberto um processo para mais 9 milhões de jovens. Isso não é pouca coisa, porque um jovem, quando não tem uma ocupação, não tem uma formação, quem é que disputa esse jovem? É o narcotráfico, como um todo, porque oferece um ganho fácil. Para concluir, Sr. Presidente, eu quero dizer que o nosso papel – creio –, juntamente com o Conselho Municipal sobre Drogas de Porto Alegre, é analisarmos as políticas que estão sendo implantadas no Município, no Estado e na União, batalharmos para que elas sejam ampliadas e buscar na fiscalização a boa aplicação desses recursos. Eu acredito, sim, aqui faço política sempre acreditando nos processos. E acredito que estamos num bom caminho de construir políticas para a juventude no Brasil. O que precisamos é aprimorá-las e aprofundá-las. Portanto, eu quero aqui cumprimentá-la pelo trabalho que desenvolve junto ao Conselho Municipal, bem como o colega Sabino, que propicia o debate aqui nesta Casa. Um grande abraço e muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Ver.ª Mônica Leal.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre Presidente, Ver. Mauro Pinheiro; Sra. Josiane Weiss, Psicóloga, Presidente do Conselho Municipal sobre Drogas de Porto Alegre, eu quero, inicialmente, cumprimentá-la, porque quem trabalha na prevenção sobre as drogas merece o nosso aplauso, o nosso reconhecimento. Parabéns, Psicóloga Josiane, o seu trabalho é muito importante para a sociedade! Quero também cumprimentar a Igreja Católica por sua grande contribuição em relação à prevenção e ao atendimento de usuários. Está aqui a Irmã Viviane, da Casa Marta e Maria, que presta um auxílio extremamente importante. Realmente, é um trabalho que merece o agradecimento da nossa sociedade. Também temos, Josiane, a Pacto, que é uma Pastoral que tem a sua fazenda lá em Viamão– a sede é aqui em Porto Alegre –, que cuida da recuperação de usuários.

No Jornal do Comércio de ontem, quarta-feira, tem um artigo dizendo que as drogas são um dos maiores problemas da saúde pública. (Mostra jornal.) O Deputado Osmar Terra, que é um grande batalhador na prevenção e no controle às drogas, vem lutando contra as tentativas de legalização das drogas no Brasil. O meu Partido, o Partido Progressista, é frontalmente contrário à legalização das drogas no Brasil.

Este Vereador é o autor da lei que proíbe o fumo em recintos fechados em Porto Alegre. As drogas, chamadas de drogas lícitas ainda, também causam inúmeros problemas à sociedade, tanto o fumo quanto as bebidas.

Quero cumprimentar o Ver. Elizandro Sabino por nos trazer esse assunto, que tanto nos preocupa, e o quanto, psicóloga Josiane, temos ainda pela frente a fazer. Nós precisamos ajudar quem trabalha nesse setor, que é um vocacionado, quem trabalha na recuperação da nossa sociedade.

O Ver. Janta falou aqui na importância da família. Efetivamente, a família está em dificuldades, e aí tem muitos pais e muitas mães que não tomam cuidado com seus filhos, não previnem, não informam sobre as dificuldades e os malefícios que a droga traz.

Foi dito que muitos traficantes estão lá no presídio. Esse é um assunto extremamente grave, são grandes e pequenos traficantes que lá estão, muitas vezes por falta de oportunidade, por falta de orientação.

Porto Alegre é uma das cidades de maior consumo de cigarro tristemente; também não fica longe de ser um dos lugares de maior consumo de bebidas alcoólicas; e também temos grande problema na área das drogas ilícitas. Qual é a decorrência disso? A decorrência está, por exemplo, nos moradores de rua, que estão por aí perambulando drogados; está nos colégios, onde, cada vez mais, aumenta o consumo de drogas.

Psicóloga Josiane, leve os cumprimentos da Bancada do Partido Progressista, formada pelos Vereadores Guilherme Socias Villela, Mônica Leal, Kevin Krieger e por mim. Leve os nossos cumprimentos e o nosso incentivo: continue a lutar no combate às drogas porque essa luta é pelo bem do povo do nosso País. Parabéns, muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Presidente, solicito a transferência do período de Grande Expediente de hoje para a próxima Sessão em função de o Ver. Tarciso Flecha Negra não estar presente neste momento, pois está comentando os jogos da Copa. E esta Vereadora também tem uma reunião.

 

O SR. PRESIDENTE (Mauro Pinheiro): Em votação o Requerimento de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Márcio Bins Ely.

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado, Ver. Mauro Pinheiro, nosso Vice-Presidente da Casa, nosso Vice-Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, nosso futuro Presidente da Casa. Cara psicóloga Josiane Weiss, do Conselho Municipal sobre Drogas de Porto Alegre, grande e antiga batalhadora nessa área. Eu acho que é bem importante que nós possamos voltar a discutir, Ver.ª Lourdes, Ver. Paulo Brum, Ver. Mario Manfro, Ver.ª Jussara Cony, esse tema da drogadição na Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Realmente, Ver. Elizandro Sabino, a nossa sociedade está muito preocupada com isso, e V. Exa. tem um trabalho muito grande nessa área. Já trabalhou como Conselheiro e conhece profundamente o problema quando vinculado à questão da adolescência e da criança. Sabe que a drogadição – e, principalmente, o crack – é uma chaga social e, talvez, o pior problema – como disse aqui o Ver. Nedel – de saúde pública hoje em Porto Alegre, no Estado e no País.

É importante que nós discutamos isso porque cada um de nós aqui, representando uma parcela da sociedade, traz a sua contribuição no que se refere a cada um dos temas que esta Casa acaba discutindo pela cidade de Porto Alegre. Eu trago a experiência que vivo, há 14 anos, como médico na periferia da cidade de Porto Alegre, vendo que a drogadição é um problema grave, seriíssimo de saúde pública. Trago a experiência de perito e médico legista do Instituto- Geral de Perícias. Lá identifico que os homicídios por projétil de arma de fogo, 90% deles estão vinculados ao crack. Ver. Elizandro Sabino, ou eles são fruto daquelas pessoas, daqueles seres humanos que acabam morrendo na luta do tráfico – traficante, fornecedor, usuário –, nessa guerra do tráfico, ou eles são fruto daquelas tragédias familiares, do indivíduo que estava, na gíria do tráfico, “espiado”, surtado, e acaba matando ou sendo morto por um familiar.

Então, nós precisamos discutir profundamente isso. Esta Casa precisa se debruçar sobre isso. Já foi discutida aqui a questão da liberação da maconha, a que eu, particularmente, sou contrário, e tenho elementos para dizer por que sou contrário. Por exemplo: a maconha inicia, em pessoas suscetíveis, o primeiro surto esquizofrênico. Tenho elementos para dizer que a maconha causa, no jovem, diminuição da produtividade por perda de neurônios, a chamada síndrome amotivacional. Tenho para dizer que, infelizmente, a maconha inicia o processo mais sério de alienação e de perda neural que o jovem e o adulto podem ter. O traficante, quando vai para frente da escolinha, Ver. Elizandro Sabino, para fidelizar o cliente dele, que é aquele menino que estuda em escola pública principalmente, mais vulnerável, ou em escola particular, mais vulnerável, ele usa o pitico, que é a maconha misturada com a cocaína. Ele fideliza o cliente e passa daí para o crack.

Nós precisamos discutir essa questão sem utopia, precisamos discutir a realidade dos fatos e dos dados, precisamos discutir com os profissionais que atendem a essa situação – psicólogos, sociólogos, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem – para poder caminhar para frente no que se refere a essas questões.

Muitas vezes, nós recebemos em nosso gabinete mães que acorrentam os filhos em casa porque não conseguem internação. É importante que a sociedade saiba que nós temos projeto para isso, para que possamos não só atingir a internação, mas para que possamos dar seguimento. Por isso nós propusemos aqui um projeto que disciplina, mas, muitas vezes, ele foi utilizado como falácia e modificado para deturpar o verdadeiro objeto do projeto, que é disciplinar a questão da internação compulsória. Hoje a internação compulsória é um ciclo, é uma porta giratória: o indivíduo entra, faz o tratamento de sete dias de internação, sai e volta a usar. Nós temos que ter equipes multidisciplinares para poder acompanhar esses pacientes. Essa é uma das propostas que nós temos para essa matéria e, cara Josiane, vamos contar contigo para discutir com profundidade essas questões na Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Professor Garcia reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Valter Nagelstein.

 

A SRA. LOURDES SPRENGER: Sr. Presidente, quero cumprimentar à Sra. Josiane Weiss, Presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas de Porto Alegre. Muito já foi dito nesta tarde e nós acompanhamos esses trabalhos que são contra o uso de drogas. Eu tenho um colega de Partido, o Deputado Federal Osmar Terra, que tem um trabalho científico nessa área, e muito temos conversado informalmente. A droga, a maconha é a entrada da destruição do indivíduo, da família, pois há a dificuldade de recuperação depois do envolvimento com essa droga e outras mais pesadas. Independente da posição do nosso Partido, somos contrários a qualquer tipo de vício que venha a transtornar a vida do ser humano, tanto na profissão, na convivência familiar, na própria saúde. E os atendimentos ainda não são suficientes. Conforme foi dito pelo Ver. Dr. Thiago, médico, são atendimentos temporários, com número de dias. Mas sabemos que o indivíduo, depois de estar envolvido com esse tipo de vício, precisa de muito mais, de acompanhamento psicológico, acompanhamento com a família. E tristes aqueles que têm um familiar envolvido com drogas, que começa com a maconha e se expande para drogas pesadas, ou mesmo com o álcool, que é um vício que também destrói um lar, destrói a profissão do indivíduo.

É muito importante esse Conselho Municipal. Realmente, para recuperar um indivíduo nessas circunstâncias tem que ter muita persistência, muito apoio médico, e não somente de cinco a dez dias. E com essas drogas mais baratas que andam por aí, que agora dizem que estão mais selecionadas, não tem como recuperar tão facilmente. E falar disso é falar de tragédia: de acidentes, de morte, de muitos outros casos. Então, eu destaco e cumprimento esta iniciativa do Ver. Elizandro, que trouxe o assunto para tratarmos nesta tarde. E eu sempre serei contra todo o tipo de vício, de drogas que entram na vida familiar. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa tarde Presidente, Vereadoras e Vereadores, e a todos que nos assistem pela TV. Cumprimento aqui a Presidente Josiane pelo trabalho, e parabenizo o Ver. Elizandro Sabino. Sempre foi uma luta constante minha, há 20 anos, e eu vou falar em termos de esporte, principalmente o futebol, onde eu trabalhei muito, muito. O Professor Garcia, nosso Presidente da Mesa, sabe que esse trabalho é lá embaixo, na base, com a criança de seis, sete anos. A gente começa a trabalhar para formar o cidadão lá na frente, e quando tu formas este cidadão lá embaixo, seja o profissional que for, jogador, médico ou político, que seja um cidadão equilibrado e sabendo do que quer da vida. O importante é a formação dessa criança. O Dr. Thiago falava que, eu fiquei atento ouvindo, é muito perigoso. A gente não vê somente aquelas pessoas de classes baixas, periferia, mas também das classes altas. A droga extermina com muita e muita coisa. Ela nos deixa uma marca muito grande na família, e essa marca jamais será tirada. Então, devemos ter um cuidado muito grande, um olhar mais profundo, não só nós, do Governo, mas também empresários e sociedade, comprometidos a ajudar na formação dessas crianças para que possamos ter um mundo mais tranquilo para se viver. Porque é lá embaixo que se mostra, é lá embaixo que se ensina o que é a droga, depois não há mais como recuperar isso. Eu tenho amigos, amigos do futebol, pessoas que desde a infância eu olhava e dizia: “Ah, eu queria ser como esse cara!” Depois, vendo-o como o vejo hoje, é muito triste. Então, é muito importante que se tenha o adulto com a experiência, com a dedicação, que lhe possa dar a mão e levá-lo ao bom caminho. Graças a Deus, agradeço a isto tudo, porque o guri que fui, com todos meus sonhos, consegui realizar meus sonhos. Um guri que chegou ao Rio de Janeiro, que morou na periferia, que morou no morro, e que conseguiu manter esse sonho no seu coração, buscando o sonho de ser jogador de futebol, mas um jogador que ia encantar não só com os gols, mas com a sua conduta fora do campo, é muito difícil! Eu poderia ter sido igual àqueles meus amigos que já morreram em função do tráfico de drogas, mas, graças a Deus, eu tive pessoas que me guiaram a outro caminho, um caminho maravilhoso onde estavam os meus sonhos que aqui hoje estou narrando. Se eu não tivesse seguido esse caminho, talvez eu não estaria aqui narrando este sonho.

Tudo o que fizermos para ajudar: sociedade, empresários, governo, será bom para o País, para a nossa rua, para a nossa Cidade, para o nosso Estado. O que nós queremos, é paz, é ver essas pessoas de bem com a vida, porque a pessoa, quando entra para a droga, não existe mais sonho, não existe mais pensamentos bons. Aí é difícil.

Parabéns, Presidente; parabéns, Ver. Elizandro Sabino, pela sua conduta maravilhosa. Quem sabe a gente pode, cada vez mais, trazer este debate para a Câmara de Vereadores, Presidente, porque isso é muito importante para o mundo em que estamos vivendo. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Sra. Josiane Weiss, Presidente do Comad – Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas de Porto Alegre, está com a palavra.

 

A SRA. JOSIANE WEISS: Em primeiro lugar, eu gostaria de cumprimentar o Presidente da nossa Câmara Municipal, Ver. Professor Garcia; o Ver. Elizandro Sabino e agradecer-lhe o convite para estarmos aqui representando o Conselho; cumprimentar os demais Vereadores e presentes.

Gostaria também de agradecer a oportunidade de mais um encontro do Comad com o Legislativo Municipal e dividir as parabenizações que eu recebi em nome do Conselho com os nossos demais Conselheiros que estão aqui presentes.

Na fala de alguns dos nossos Vereadores, nós ouvimos a palavra “seriedade” em relação ao tema. Esse tema é tão sério que faz com que hoje, dia 26 de junho, no mundo inteiro, grupos como o nosso, grupos de comunidades científicas, grupos de legisladores, estejam discutindo o tema.

A Organização das Nações Unidas - ONU, designou o dia 26 de junho como o Dia Internacional de Luta contra o Uso e Tráfico de Drogas. O Brasil também adotou este dia como o Dia Nacional de Combate às Drogas. Anualmente, a ONU, através do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, dá ênfase a uma campanha internacional de conscientização para o tema, de alerta aos governos, e, nesta data, enquanto hoje estamos reunidos aqui, em Viena está sendo entregue o Relatório Mundial sobre Drogas, que contém todas as informações atualizadas do que está acontecendo no mundo, em relação a tráfico, consumo, tratamentos, preocupações futuras, quais as diretrizes a serem seguidas pelos governos membros. Essa data foi definida em 1987, implementando uma recomendação da Conferência Internacional sobre o abuso e a tráfico ilícito de drogas, realizado no dia 26 de junho de 1987, ocasião em que foi aprovado o plano multidisciplinar geral sobre atividades futuras no mundo, de luta contra o uso abusivo de drogas.

Esse Escritório das Nações Unidas lidera essas campanhas globais de conscientização, e, anualmente, lança informações para que a gente possa estar monitorando, avaliando as nossas políticas públicas e reformulando-as.

O que se vem percebendo é que houve uma estabilização em relação à questão de tráfico, em relação à questão de consumo no mundo, e no Brasil não foi diferente: os índices não aumentaram significativamente nos últimos dois, três anos, mas nos lança números preocupantes. Nós temos em torno de 5% da população mundial fazendo uso indevido de drogas ilícitas. Isso significa mais de 200 milhões de pessoas. É muita gente no mundo! Dessas, 25 milhões de pessoas estão em situação de dependência já estabelecida. Dessas, em torno de 200 mil morrem por ano em função do tráfico, em função de overdose e complicações com o uso.

São muitos os custos sociais, muitos na área da saúde, são prejuízos na área funcional dos trabalhadores, que entravam o desenvolvimento social e econômico de todo o mundo. Então, por isso é uma preocupação internacional, e não pode ser diferente aqui no nosso pequeno núcleo da cidade de Porto Alegre.

Em nível de Brasil, as nossas políticas vêm, desde o final da década de 1990, se implementando. Nós tivemos o primeiro grupo de trabalho relacionado à ideia de conceber uma política pública nacional para a questão de drogas em 1998. Em 2006, se tem a Lei nº 11.434, que instaura a política nacional sobre drogas. Pela primeira vez, nessa política, então, nós temos a inclusão das drogas lícitas - o álcool, o cigarro e os medicamentos - também como drogas, como um modo de preocupação com os danos trazidos por essas substâncias; nós temos, pela primeira vez, a possibilidade de começar a pensar nos nossos usuários não mais como criminosos, então a ideia da descriminalização dos usuários, a diferenciação entre traficante e usuário. É claro que, se isso aconteceu em 2006, até 2014, em oito anos, nós não temos ainda uma mudança de cultura, não temos normatizações para que isso possa se efetivar, como nós tivemos na fala de uma das nossas Vereadoras, no início da tarde, quanto a essas questões, mas, pelo menos, caminhamos nessa direção.

Preocupa-nos bastante, enquanto Conselho, os rumos na política nacional, porque nós temos tramitando, paralelamente, no Congresso Nacional, duas propostas que são, em parte, antagônicas. Nós temos uma proposta de nova política, de revisão da política, já aprovada na Câmara Federal, e, em discussão no Senado, onde se tem um retrocesso em relação a algumas políticas, algumas conquistas já estabelecidas na área da saúde, da educação e da assistência social, e nós temos, em paralelo, toda uma luta em relação à legalização da questão da maconha, da sua produção e consumo. Então, nós vemos uma sociedade muito confusa, com propostas antagônicas, e um Legislativo com dificuldade de conseguir, junto à sociedade e junto ao governo, definir quais vão ser, efetivamente, as políticas a serem implementadas no País. Independente do que acontece em nível nacional, nós temos que pensar uma política para Porto Alegre. A questão do consumo de drogas lícitas e ilícitas – como foi colocado por grande parte dos Vereadores que aqui estiveram hoje – é uma questão interdisciplinar, é uma questão intersetorial, que vai aparecer em programas e ações da saúde, da educação, da assistência social, do comércio, da área de trabalho, dos esportes, da cultura. Nós não podemos pensar em políticas segmentadas.

Como técnica da área da saúde, eu poderia ter escolhido trazer hoje, para cá, dados, números, modalidades de tratamento, mas eu vim mais na condição de cidadã e de conselheira do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas. Eu vim convidar os Srs. Vereadores a se debruçarem sobre o estudo dessa questão, uma política integral sobre a questão de drogas para a cidade de Porto Alegre. Não mais leis segmentadas; como se vê, algumas já estão vigorando, outras estão em tramitação dentro das diversas Comissões da Câmara, mas uma política bem delineada, amarrada por leis consistentes, coerentes, que possam, efetivamente, ser cumpridas, que deem conta das nossas demandas sociais nessa área; leis com clareza de ação, com clareza de objetivos, de monitoramento e avaliação, porque, infelizmente, a gente se depara com um número muito grande de leis. Porto Alegre tem leis nessa área, algumas em cumprimento, outras não; algumas não sendo cumpridas pela falta de dispositivo técnico para que aconteça, e outras faltando normatização. E, na medida em que eu vi tamanho interesse por parte dos Vereadores, pelas falas anteriores à minha, eu acho que é um tema importante a ser trazido.

No ano passado, o Conselho, junto com a então presidência da Casa, fez algumas reuniões solicitando que fosse feito um levantamento de toda a legislação que Porto Alegre tem em vigor, que permeia de alguma maneira o tema para que se pudesse então, reavaliá-las, identificar porque essas leis não estão sendo cumpridas o que nós podemos fazer para que elas venham a ser executadas, mas, principalmente, o quanto elas contemplam as nossas reais necessidades. Da ânsia muitas vezes de dar cabo do problema o Legislativo propõem a frente dos movimentos sociais ou do próprio Executivo e acaba acontecendo com o que depois essas leis se tornem vazias. Então o Conselho tem uma preocupação bastante grande nesse sentido na construção de uma política pública que possa efetivamente amarrar as ações, que possa efetivamente, fazer parte do Plano Plurianual do Executivo de Porto Alegre, hoje, a gente vê as ações muito sutilmente, sendo nomeadas dentro dos planos de educação, de saúde e muito pouca coisa sendo feita. Mais do que tratada a dependência química pode ser evitada, a gente se preocupa muito com o tratamento e com repressão. A dependência química depois de estabelecida ela é uma doença crônica, o indivíduo vai ter que tratá-la ao longo de toda a sua vida. Por isso é importante que a gente possa pensar em propostas de prevenção. Prevenção não é só a gente alertar sobre os males, não é a gente fazer campanhas na mídia, claro que isso tudo é válido, mas prevenção, fundamentalmente, é a gente pensar o que a gente quer para a nossa sociedade daqui a vinte, trinta anos, e isso nos faz pensar como é que nós vamos dar conta das crianças que estão vindo, das crianças que estão nascendo, das crianças que estão na fase de primeira infância onde se forma personalidade, onde se tem lacunas existenciais que vão gerar todas as faltas, todas as dores existenciais que estão por trás da dependência química, para isso nós temos que potencializar as nossas famílias como foi falado aqui por vários Vereadores. Não é uma tarefa fácil, se o fosse nós já teríamos internacionalmente, encontrado saída, soluções, não existe uma saída única, cada município, cada sociedade vai ter que encontrar o seu modelo. Preocupa-me muito quando vejo caravanas que vão a locais para estudar, conhecer modelos para implantar. Nós precisamos encontrar um modelo resolutivo para a Cidade. Porto Alegre não é um feudo fechado com muralhas; nós fazemos parte de uma Grande Porto Alegre, com uma população migrante. Pensar políticas para Porto Alegre significa pensarmos como vamos dar conta desta grande demanda migrante que temos na Grande Porto Alegre. Nós temos uma série de cidades-dormitório à nossa volta: as pessoas vêm, traficam em Porto Alegre, consomem em Porto Alegre ou trazem os seus problemas decorrentes do uso para serem resolvidos em Porto Alegre. Nós, do Conselho, já vimos, desde o início deste ano promovendo reuniões mensais com conselhos outros de políticas sobre drogas da Grande Porto Alegre, no sentido de pensar uma política um pouquinho maior, uma política que possa também contemplar essas questões, porque hoje o cidadão de Porto Alegre é tão de Porto Alegre, quanto ele é de Viamão, de Alvorada, de Gravataí. A gente tem uma população migrante.

A ideia de a gente construir um mundo mais saudável, um mundo mais seguro, um mundo com princípios éticos, passa por uma junção de esforços da sociedade civil organizada, dos representantes deste Legislativo, dos nossos representantes no Executivo. E acho que os representantes aqui do Legislativo também têm esta função importante dentro dos seus Partidos, das suas Bancadas: influenciar os membros que fazem parte do Executivo na proposição de ações, na avaliação das ações em execução, ou seja, para a gente saber para onde está indo o dinheiro público, o dinheiro dos impostos, o que está sendo feito, o que está revertendo numa sociedade mais sustentável para o nosso convício social. Porto Alegre precisa dessa política pública, de um conjunto de sucessivas iniciativas, decisões, ações, para lidar com essa problemática.

Hoje, nas falas, o Conselho recebeu convite de duas Comissões aqui do Legislativo - Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Saúde, para pensarmos juntos em algumas possibilidades de projetos de lei que venham a contemplar uma política maior, mais integrada e articulada.

Com relação às consequências do uso de substâncias psicoativas para a cidade que queremos para hoje e para além, daqui a 20, 30 anos, nós temos que nos preocupar com as drogas que existem e com tudo o mais que possa a vir a ser drogas. Hoje, a grande preocupação do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes é a criação de novas drogas. O que acontece? Elas chegam ao mercado e, por não terem regularização ainda junto aos agentes de vigilância sanitária e não serem caracterizadas como substâncias psicoativas, não podem ser reprimidas e assim têm livre entrada. Então essa é também uma preocupação que temos que ter em relação a Porto Alegre de como vamos legislar para que as nossas agências de fiscalização possam reduzir o menu de oportunidades de uso de substâncias dentro da Cidade.

Acredito que exista dentro desta Casa Legislativa uma grande preocupação com o tema - aposto em uma parceria com o Conselho. Divido as minhas preocupações e deixo com vocês a solicitação do Conselho e a grande tarefa de levantar o que existe de legislação, dentro da Câmara de Porto Alegre, que contemple de alguma maneira o tema para que possamos fazer uma vasta revisão e uma adequação dessa legislação. Muito obrigada pela atenção e pela oportunidade.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

(O Ver. Elizandro Sabino assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elizandro Sabino): Queremos agradecer a presença da psicóloga Josiane, Presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas – Comad, representantes da Casa Marta e Maria, da Comunidade Terapêutica Novos Rumos, do DECA, através do Adalberto Lima. Tivemos a fala de diversos Vereadores: Comassetto, Mario Fraga, Sofia, Any Ortiz, Fernanda, Janta, Thiago, João Carlos Nedel, Lourdes, Tarciso, que trouxeram a sua manifestação e a contribuição para este tema tão importante. Pelas inúmeras inscrições, Josiane, nós podemos ver que além da importância do tema, também a preocupação dos colegas e o envolvimento no que diz respeito à matéria legislativa nesta Casa. E muito bem asseverou você, quando falou a respeito da existência de muitas leis, sobre o questionamento a respeito da aplicabilidade das mesmas. Por outro lado, há algumas lacunas que devem ser preenchidas. Então esta Casa, por certo, está aberta a este debate. O convite foi lançado a ti, como presidente, representando aqui o Conselho Municipal, é a prova disso, para trazer junto para as Comissões, tanto da Saúde, quanto dos Direitos Humanos, um profundo debate na construção e na evolução no que diz respeito a este tema, tão delicado e importante para a nossa cidade de Porto Alegre.

Em nome da Presidência da Casa, dos colegas Vereadores, eu quero agradecer a tua presença, mais uma vez, agradecendo por este tempo tão valioso, em que na tarde deste dia, a Câmara Municipal de Porto Alegre esteve trazendo a reflexão a respeito do Dia Internacional de Combate às Drogas. Muito obrigado a todos.

Parabenizamos, mais uma vez, o Dia Mundial de Enfrentamento às Drogas e damos por encerrada a presente homenagem. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h12min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elizandro Sabino – às 16h15min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Desiste. O Ver. Paulo Brum está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Desiste. O Ver. Waldir Canal está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Desiste.

O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras; venho aqui, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, para falar do tema que estamos vivendo, neste momento, que é a Copa do Mundo 2014, a sua realização e as suas consequências para o Brasil. Primeiro: todos nós trabalhamos muito para que esta Copa pudesse se tornar realidade e a grande maioria dos brasileiros tinha a preocupação de que a Copa pudesse dar certo. Eu creio que, nesse momento, prezado Ver. Tarciso Flecha Negra – que é um dos homens do futebol –, não exista ninguém neste Brasil que se mantenha na campanha contra a Copa do Mundo. Sejam os Partidos que se organizavam e diziam: “Não vai ter Copa”, ou “Fora, Copa”; sejam alguns veículos de comunicação, que bombardearam até o último momento, mas que, felizmente, começaram a viajar pelo Brasil e a ver as estruturas das cidades brasileiras, os aeroportos funcionando perfeitamente. E aí, Ver. Alberto Kopittke, ouvi de um grande comentarista de futebol de Porto Alegre, há poucos dias: “Eu já andei por seis aeroportos, e, quando cheguei no aeroporto de Brasília, nem parecia o Brasil”. Então, isso demonstra, primeiro, que aquele ceticismo que existia entre muitos formadores de opinião e alguns segmentos da sociedade brasileira se desconstituiu aos poucos. Falar que foi gasto muito com a Copa do Mundo é não medir o que significa a imagem do Brasil percorrendo o mundo, em que, diariamente, mais de 3 bilhões de pessoas assistem a tudo o que está acontecendo neste evento mundial, que é a Copa do Mundo. E assistem a bons momentos de uma festa civilizatória, Ver. Kevin Krieger. E, aqui em Porto Alegre, nós tivemos o exemplo, quando recebemos os franceses, os australianos, os holandeses, os argelinos, e mesmo os hermanos argentinos, que sempre disseram ser os que mais gostam de fazer conflito, todos eles vieram, estão curtindo um espaço da afirmação da cidadania. E nós, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no Brasil, estamos demonstrando que é possível, sim, o Brasil conviver na sociedade entre os países que constroem uma postura de paz mundial. E eu creio que, em um momento como esse, em que muitos conflitos de muitas guerras, sejam elas por territórios ou por conflitos religiosos, aqui todos estão sendo recebidos com essa afirmação. O Brasil está de parabéns, todos aqueles que acreditaram estão de parabéns e todos aqueles que também criticaram em alguns momentos para poder acertar os processos estão de parabéns. Independente do resultado do futebol ou do nosso futebol, do futebol do Brasil, se vamos ou não vencer pela sexta vez a Copa do Mundo, eu creio que nós podemos dizer, juntamente com a sociedade brasileira, que esse foi um grande evento do mundo que veio para construir. É um momento de soberania do Brasil, um momento de afirmação do Brasil e um momento civilizatório entre todos os povos e entre todas as nações. Nós somos de paz! Venham todos para cá porque queremos que o mundo seja assim: um mundo de paz! Um grande abraço e muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elizandro Sabino): O Ver. Kevin Krieger está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. KEVIN KRIEGER: Boa tarde. Quero cumprimentar o nosso Ver. Elizandro Sabino que está presidindo a Sessão, as Vereadoras, os Vereadores, o público que nos assiste. E, como o Ver. Comassetto estava falando sobre a Copa do Mundo e deixou a bola rolando, vamos aqui também falar um pouco sobre a Copa do Mundo. Eu acho que é um momento histórico que a gente vive no nosso Brasil e na nossa Cidade, principalmente por estarmos convivendo diariamente com o que está acontecendo no dia a dia da Copa. Realmente, nós temos que reconhecer, Ver. Comassetto, que o Brasil está dando exemplo de como receber as pessoas. Eu acho que nós não tínhamos dúvida de que isso iria acontecer no Brasil inteiro. Nós não podemos esquecer de alguns problemas que tivemos, mas isso faz parte de um processo de trazer um evento grandioso como a Copa do Mundo. E, sem dúvida nenhuma, depois que passar os jogos da Copa do Mundo, isso vai ser muito discutido, muito debatido. Mas, sem dúvida nenhuma, o Brasil ganha com a vinda de muitos turistas.

Eu queria fazer aqui também uma referência à nossa Cidade que tem recebido as melhores notas na atuação em relação à defesa dos direitos da criança e do adolescente em nível de Brasil, isso é notório. Todas as pessoas que hoje atuam na área e que são representantes do Governo Federal têm elogiado o Governo Municipal e a Prefeitura de Porto Alegre no seu trabalho em relação ao combate e à erradicação do trabalho infantil. E isso é muito bom, porque isso não se forma apenas no momento de um evento como este; isto é uma política estabelecida ao longo de muitos anos e que hoje é reconhecida por todos os nossos servidores da Fundação, servidores do Município, da Educação e de tantas outras Pastas que compõem um time que atua na defesa dos direitos da criança e do adolescente. Então, este reconhecimento é importante para essas pessoas que fazem, no dia a dia, a política municipal na defesa dos direitos da criança e do adolescente e das suas famílias.

Não poderia deixar de elogiar a EPTC pelo trabalho que vem fazendo na Copa do Mundo, ao longo dos últimos dias, na nossa Cidade, assim como a nossa Guarda Municipal e a Brigada Militar, que nos orgulhou no último jogo da Copa, quando atuou preventivamente e não deixou que acontecessem quebra-quebras na nossa Cidade, o que deveria ter feito no ano passado nas movimentações e manifestações que tivemos em junho. Esta é a forma de a nossa Brigada atuar, preventivamente, não deixando que os movimentos radicais destruam e depredem a nossa Cidade. Sem dúvida nenhuma, nos orgulha esta forma de atuar do nosso Município, da nossa Brigada Militar e de todos os órgãos de segurança pública, que, através da Polícia Civil, fizeram este trabalho maravilhoso.

Ontem, inclusive, não estava fácil. Foram 100 mil argentinos na cidade de Porto Alegre – 100 mil argentinos na cidade de Porto Alegre! –, que foram muito bem-vindos, muito bem tratados pelo povo gaúcho, pelo povo porto-alegrense.

Sem dúvida nenhuma, se não estivéssemos organizados, se não estivéssemos estruturados, poderíamos ter tido problemas.

Rapidamente, Ver. Comassetto, além da Fan Fest, que hoje é um sucesso e está sempre cheia, a Prefeitura de Porto Alegre, se não me engano, criou um, dois ou três telões extras para que todos os argentinos pudessem, além de estar dentro do estádio Beira-Rio, ver o jogo, espalhados, não só na Fan Fest, mas na Cidade Baixa, nos bares, em todos os locais. E eu não tenho dúvida nenhuma de que o Brasil, os municípios que sediaram a Copa do Mundo terão muito retorno pelo trabalho e pelo empenho que os municípios e o Governo Federal dedicaram para trazer a Copa do Mundo para cá. Temos que fazer, sim, um rescaldo do que não deu certo e no que podemos melhorar para próximos eventos, para grandes eventos. Fica um orgulho com relação ao nosso povo de Porto Alegre, por todas as pessoas que souberam receber, receberam muito bem os turistas e continuarão recebendo, porque, se não me engano, na próxima segunda-feira teremos o último jogo da Copa do Mundo, quando teremos uma invasão alemã e uma invasão argelina. Isso é muito legal para finalizar a Copa do Mundo em Porto Alegre. Muito obrigado pelo espaço.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elizandro Sabino): O Ver. Christopher Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CHRISTOPHER GOULART: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, todo público que nos assiste pela TVCâmara, inicialmente, eu gostaria de expressar a minha satisfação por poder fazer parte, hoje, deste debate, na Casa, das grandes decisões, das grandes definições da cidade de Porto Alegre, isso me honra muito, tendo em vista que sou, atualmente, suplente e assumo com alguma regularidade. Honra-me muito representar a população de Porto Alegre, principalmente aqueles que em mim depositaram confiança, para poder exercer este papel importante na Casa do Povo, na Casa do Poder Legislativo na cidade de Porto Alegre.

Eu gostaria de ingressar num assunto. Eu, eventualmente, escrevo para jornais de grande circulação, tanto para o jornal Correio do Povo quanto para o jornal Zero Hora, enfim, tantos outros, sobre temas diversos, variados. Não posso, em nenhum momento, negar e desconhecer o que me traz a fazer política e também esta é uma oportunidade importante, ao público que nos assiste das galerias, para justificar as causas que me trazem a uma atuação política. Eu venho de uma família, nasci no exílio, nasci durante perseguição, meu avô foi o político número um perseguido da ditadura militar, de modo que eu trago, sim, muito enraizadas, questões ideológicas. Não tenho como fugir disso, porque a minha formação política e familiar se dá exatamente nessa linha. Através dessa origem, eu tenho pleno conhecimento do que significam, por exemplo, as reformas estruturais e institucionais do Brasil e, mais do que isso, o preço que custa àquele que realmente se empenha em efetivar essas reformas. Eu tenho dito, com toda a convicção, que a mim ninguém diz qual é esse preço. No caso do Presidente João Goulart, foi a morte, no exílio, provavelmente assinado. Mas são essas lições, esses ensinamentos que eu procuro reproduzir para a atualidade. Eu, Sr. Presidente, agora, no domingo, publiquei um artigo que alguns acharam que foi em demasia, ou talvez até um excesso, cujo título é “O esquemão”. E o que eu quero dizer com esquemão? Há pouco falávamos aqui com o Ver. Comassetto sobre a reforma política de que este País precisa urgentemente, sob pena de nós estarmos permanentemente vivendo em um círculo vicioso; de estarmos permanentemente nos enganando, enganando a sociedade, quando os Partidos já não mais expressam absolutamente nada. E eu represento aqui o Partido Democrático Trabalhista, aquele que teve um dia como referência o Presidente Vargas, que implementou a Revolução de 30 neste País, que mudou a cara do Brasil, que colocou este País como estado verdadeiro, colocando toda a sua potencialidade, derrubando a República Velha, as velhas oligarquias. Mais do que isso, o que expressam as reformas de base, que são um divisor de águas na história deste País. O que eu quero dizer, Ver. Delegado Cleiton? E aí é uma reflexão sobre o trabalhismo e o papel que nós devemos, obrigatoriamente, desenvolver para a sociedade. Não se faz reformas sem quebra de paradigmas, ou seja, o nosso papel, e essa é uma visão que eu venho, nessa minha curta trajetória política, já assimilando com total convicção, é o tensionamento, muitas vezes, a ruptura, porque, enquanto nós permanecermos coniventes com um sistema político excludente, um sistema político que não representa a maioria da população brasileira. Pior do que isso, que não permite que, no Congresso Nacional, essas reformas se concretizem, Prefeito Villela. Nós estamos vivendo permanente em um círculo vicioso, e eu quero dizer de público aqui: eu me nego a participar desse joguete, porque não é esse o nosso papel, não é essa a nossa origem, de forma que não me importarei, nessa minha trajetória política, de ser voz isolada, enquanto nós tivermos a plena concepção e visão de que estamos no caminho certo. Não se faz política reformista, e relembro o Governador Leonel Brizola, quando dizia que não se faz omelete sem quebrar os ovos. Aí faço uma autocrítica ao nosso próprio partido, à contribuição que podemos dar à sociedade. Uma reforma política que questione, por exemplo, o poder financeiro; que questione a influência dos grandes bancos, das grandes corporações; que questione o poder das grandes empreiteiras, de todos aqueles segmentos que fazem lobby no Congresso Nacional, que travam essas mudanças. Essas grandes transformações sociais não ocorrem porque há uma lógica perversa que impede o desenvolvimento e essas transformações. O que me pauta também, senhoras e senhores e aqueles que me ouvem, é que recentemente foi divulgada uma entrevista do meu avô - que é minha referência política, sem dúvida -, no exílio. Ver. Kopittke, ele dizia, e isso foi na véspera de sua morte, esta entrevista foi divulgada recentemente: “O meu maior crime foi tentar combater a ignorância neste País”. Veja: “Meu maior crime foi tentar combater a ignorância neste País”. E quanto nós temos necessidade de lutar não só contra o sistema político, lutar contra o sistema financeiro, que faz com que as maiores concentrações, que faz com que não se distribuam os recursos aos Estados, que faz com que permanentemente nós tenhamos Municípios correndo com o pires na mão! Nós temos que exigir uma reforma tributária; mais do que isso, lutar contra a ignorância que permeia todos os setores da sociedade, da população brasileira de forma geral, que faz um vício, um círculo. E o grande desafio é este: é saber que eventualmente seremos vozes isoladas, seremos vencidos, mas permaneceremos, sempre, com a consciência tranquila, a cabeça ereta, em ordem e cientes de que fazemos a nossa parte. Por ora é isto. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elizandro Sabino): Ver. Alberto Kopittke está com a palavra em Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. ALBERTO KOPITTKE: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, quero, na linha do que já foi dito aqui, até aproveitando a honra de falar depois do Ver. Christopher Goulart, fazer uma associação sobre os dois temas que os colegas falaram: Copa do Mundo e o nosso passado histórico, o nosso passado de luta e de dificuldades para fazer mudanças neste País. O que é que aconteceu, Ver. Cleiton, o que será que houve entre as 48 horas antes da Copa do Mundo e o dia seguinte, depois de ter iniciado a Copa do Mundo? O que é que houve neste País? O que é que foi feito de tão mágico que simplesmente parece que nós mudamos de nação? Parece que nós saímos de uma nação onde estava tudo errado, onde a nossa autoestima estava lá embaixo, onde todos estávamos nos sentindo incapazes de fazer algo enquanto brasileiros para essa posição que nos encontramos hoje, décimo dia da Copa do Mundo, com alegria, com até euforia, otimismo, confiança, autoestima, orgulho de ver alemães, holandeses, norte-americanos, latino-americanos, africanos dizendo: “Parabéns, vocês se organizaram muito bem; parabéns, este País está muito bonito”. O que é que houve de mudança nessas 48 horas? A mídia. Eu quero fazer esta reflexão, porque nós falamos muito da reforma política – e temos que falar –, mas o que se fez neste País antes da Copa do Mundo foi uma tentativa de golpe do mesmo tamanho que o seu avô, à época, com as devidas diferenças, enfrentou há 50 anos: a criação de um clima histérico no País, pela mídia, falso, mentiroso, porque não estava de acordo com a realidade do País. E tão poderosa é essa mídia, que ela tem capacidade, sim, de desnortear toda a sociedade e de fazer repercutir mentiras, falácias, em torno de interesses políticos que não são ditos. Se fossem ditos eram legítimos! Era legítimo se fazer campanha, se criticar dizendo o porquê: eu quero derrotar a Presidenta Dilma, eu quero derrotar o PT. É por isso, não dizem, e espalharam pelo País um pânico, uma histeria que é golpista, porque é antidemocrática, porque é mentirosa. E eles já fizeram isso inúmeras vezes, Ver. Chistopher Goulart, a começar pelos 50 anos atrás, e que agora pediram desculpas. Cinquenta anos depois a Rede Globo pediu desculpas por ter derrubado o seu avô, por ter chamado uma ditadura militar neste País. Mas eles ainda não pediram desculpas por terem escondido as Diretas Já, durante mais de 40 dias, em que os comícios estavam nas ruas, a Rede Globo não mostrou as Diretas Já; a Veja não mostrou as Diretas Já. Eles não pediram desculpas a este País por terem eleito o Collor, porque ainda ninguém se explicou como é que se elegeu o Collor neste País: é pelo apoio da grande mídia. Eles não pediram desculpas por nunca terem denunciado as corrupções das privatizações do Brasil; eles não pediram desculpas pelo escândalo da bolinha de papel, com a qual eles tentaram manipular a eleição de 2006 - lembram da bolinha de papel, que eles disseram que o Serra tinha sido atacado -, depois foi se viu que era uma bolinha de papel. Esses são os golpes que alguns, aqui dentro desta Casa, reverberam ainda, espalhando essas mentiras sobre o Brasil e escondendo. O problema não é eles atacarem o PT; o problema é a consequência que isso poderia ter sido para o País. Mas o brasileiro é mais forte. E a consciência do povo brasileiro, hoje em dia, graças às forças democráticas populares, graças à melhoria da Educação, que muitos como o Brizola construíram, hoje, o povo já não se deixa levar pelas redes sociais. E nós mostramos para o mundo todo. Aliás, é incrível, falando do mundo: os jornalistas do mundo inteiro estão atônitos pelo o que eles liam nos jornais, pela Internet, nos veículos de comunicação brasileira, e o país que eles encontraram, não era a mesma coisa. Mas o Brasil foi mais forte, e essa é a diferença que está sendo mostrada nas ruas: a alegria do povo, sim; a nossa capacidade de bem receber, sim; mas uma nação grande, uma nação que tem infraestrutura, que está vencendo os seus desafios, que é a sexta economia do mundo, e que nós não deixamos nada devendo para nenhuma nação do mundo. Nós temos o nosso próprio projeto de nação e temos que nos orgulhar dele. Porque há alguns que sabem, são orgulhosos para xingar a Presidenta da República, mas quando olham o Vice-Presidente dos Estados Unidos ou a Presidenta da Alemanha, chegam quase a se dobrar fazendo honrarias. São intriguistas, são pessoas que gostam só de passear pelo estrangeiro, falar mal do Brasil. Então, acho que fica uma grande lição desta Copa do Mundo: de que nós temos que ter muito cuidado com o que nós vemos na TV, com aquilo que nós lemos numa certa revista, com o que nós lemos nos jornais, porque tudo isso, muitas vezes, pode não passar de uma conspiração contra o nosso País, contra o povo brasileiro e contra tudo aquilo que nós estamos construindo. Viva o povo brasileiro, viva o Brasil, vivam as conquistas que nós construímos nesses últimos anos!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Guilherme Socias Villela assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Socias Villela): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DELEGADO CLEITON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas, funcionários desta Casa, e faço um saudação especial às duas colegas novas, a Mari e a Tamyres, que estão estreando hoje aqui, se somando a este time exemplar que são os funcionários desta Casa. Eu ouvi aqui o discurso do Ver. Kopittke, e acho muito justa essa defesa. O Ver. Kopittke é uma pessoa que tem um encaminhamento do seu projeto, tem encaminhamento próprio do seu projeto partidário e das suas convicções partidárias. Só que, às vezes, nós temos que falar também não só da mídia grande, mas da mídia alternativa que estava aqui alardeando que a Copa não iria sair, alardeando que a Copa não iria sair, alardeando que iriam quebrar monumentos, patrimônio público; alardeando na Internet, inclusive, que seria muito bom, além da destruição, que matassem turistas aqui no Brasil. Então, também tem que ser falado dessa mídia alternativa.

E que bom que o ex-Presidente Lula trouxe a Copa para o Brasil! E alguns, fora daqui, fora dos refletores, fora das câmeras, nos discursos nas comunidades dizem que não era necessária a Copa aqui. Alguns dizem isso nas ruas. A gente que anda bastante por Porto Alegre, pelas comunidades, ouve muito esse discurso no dia a dia, mas está aí a Copa, está aí a integração, e há somente meia dúzia de pessoas na frente da Prefeitura com cartazes dizendo: “Não à Copa”! Esses poucos são os que estão quebrando o patrimônio público, quebrando o patrimônio particular. Eu também não pedi Copa aqui, mas já que tem, que façamos de forma ordeira e equilibrada.

Quero dizer também que faltou o Ver. Kopittke saudar o Prefeito Fortunati, que trouxe as obras em nome da Copa, trouxe obras que ficarão marcadas na cidade de Porto Alegre, várias nem foram inauguradas para a Copa, mas no futuro os senhores as verão.

Outra coisa: hoje li no jornal – e é a segunda vez –, que várias pessoas que cultuam a religião de matriz africana, pessoas que estão contra uma senhora que diz fazer um ritual cigano, e que nesse ritual cigano fala em nome das religiões de matriz africana, e convida para o ritual do boi, o ritual do sacrifício, e é tudo, senhores, que os sacerdotes de matriz africana não querem. Os verdadeiros sacerdotes estão aqui lutando – e em breve teremos aqui, em agosto, o seminário dos sacerdotes, na maioria deles, antigos sacerdotes, seminário vinculado ao tema do meio ambiente. Vários e vários me ligaram e pediram que eu falasse que essa história de sacrifício de animais, essa história aqui do ritual do boi não tem nada a ver com religião de matriz africana, não tem nada a ver com candomblé, não tem nada a ver com umbanda, quimbanda, não tem nada a ver. Então nós queremos, sim, uma educação de quem se diz sacerdote de matriz africana e que luta e que faz o processo ao contrário, porque essa religião tem a ver com uma vinculação direta com a natureza. Então aqueles senhores que põem vela dentro de árvores, aqueles senhores que cultuam alguns sacrifícios fora das regras da religião africana estão aqui, simplesmente, para macular. Esses não devem ser respeitados, e falo aqui em nome de vários sacerdotes, vários, não vou nomeá-los, mas são vários sacerdotes seriíssimos. Então esses não devem ser respeitados. Farra do boi ou sacrifício do boi para trazer amor, para trazer não sei o que, isso aqui não deve ser levado em consideração. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Socias Villela): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu escutava atentamente o pronunciamento do Ver. Alberto Kopittke, ouvia o entusiasmo dele e, ao mesmo tempo, a indignação que ele tinha com aqueles que falavam da Copa. Eu acho que não dá nem uma coisa, nem outra.

A Copa está dando certo, porque aquilo que precisava para a Copa, está pronto! Custou caro? Custou caro! Mas o sucesso da Copa não dependeu do Governo; dependeu do povo brasileiro, que está fazendo uma festa; dependeu das cidades que são sedes.

Por exemplo, aqui, no Rio Grande do Sul, se dependesse do Governo Federal, a Copa não sairia, porque a única incumbência do Governo Federal era o Aeroporto, e eles não fizeram. Não fizeram!

As obras que a Cidade iniciou, quase todas anunciadas como sendo obras para a Copa, em sua grande maioria não puderam ser completadas, porque a Caixa Econômica Federal atrasou, deu uma segurada providencial, Presidente Villela, para que não fossem terminadas essas obras. Mas a Prefeitura Municipal fez o que tinha que fazer, fez o dever de casa. Tenho que reconhecer, também, que a segurança, que eu critico tanto aqui, a segurança para os visitantes foi muito boa, segurança para quem veio para Porto Alegre foi boa, deu certo.

O Centro de Porto Alegre está seguro, pelo menos até segunda-feira, quando tem o jogo com a Inglaterra, vai estar seguro, o Centro, o Caminho do Gol, Cidade Baixa, alguns bairros, hotéis, estamos em segurança.

Então, a Copa saiu bem porque a população soube diferenciar a crítica, a política e a hospitalidade. O povo gaúcho é hospitaleiro, recebeu de braços abertos todos aqueles que vieram para Porto Alegre, de todos os recantos do mundo, dando um exemplo de civilidade, de bem receber.

Eu fiquei emocionado com um fato ocorrido no dia do jogo com a França, por exemplo, na frente do Parque Marinha do Brasil, a Banda do Colégio São João esperou toda a torcida descer a Borges de Medeiros, e quando estavam chegando próximos, começaram a executar o Hino da França, A Marselhesa, toda aquela multidão reverenciou a Banda do Colégio São João, de Porto Alegre.

Fizeram fotografias, festejaram juntos, aplaudiram a banda, gritaram “Viva a França! Viva o Brasil!” – os franceses gritaram. Parecem pequenos gestos, mas são esses gestos que estão nos telefones celulares, nas câmeras fotográficas, nos iPads que estavam tirando fotos da banda homenageando uma das seleções que estavam aqui. Assim aconteceu com a Austrália, aconteceu com a Holanda, aconteceu com a Nigéria, com todos os países que estiveram aqui. Com a Argentina, ontem, foi uma demonstração enorme de que nós temos capacidade para receber pessoas ricas e pobres. Vieram muitos argentinos pobres para cá, mas todos foram recebidos indistintamente: não importou se tinham ou não tinham dinheiro, se vieram de jatinho ou vieram de carona. Todos os argentinos foram recebidos, em Porto Alegre, com igualdade, com altivez, com respeito.

Que bom que nós estamos dando uma demonstração de hospitalidade, de respeito e de democracia no futebol! Que bom se fosse sempre assim! Que bom se a gente pudesse fazer, de agora em diante, a mesma coisa no Caminho do Gol: sair do Mercado Público e ir até o Beira-Rio, num Gre-Nal, as duas torcidas descendo a Av. Borges de Medeiros. É um desafio que nós temos, pode ser que não seja para agora, mas é um bom desafio, um desafio de boa convivência.

Depois de escutar o Ver. Alberto, que estava muito entusiasmado com os dois lados, eu queria pedir a ele que se acalme e que não culpe tanto a Rede Globo, para que, a mesma que ele está criticando agora, ele não tenha que elogiar no dia 5 de outubro. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Socias Villela): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2910/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 333/13, de autoria da Verª Any Ortiz, que obriga o Executivo e o Legislativo Municipais a transmitir suas licitações pela Internet, em tempo real.

 

PROC. Nº 0374/14 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 003/14, de autoria do Ver. Márcio Bins Ely, que institui o Programa IPTU Verde.

PROC. Nº 1104/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 109/14, de autoria do Ver. Paulo Brum, que assegura ao aluno com deficiência a matrícula em escola da rede pública municipal de ensino mais próxima de sua residência, bem como sua acessibilidade e seu ensino adequado por meio de professores habilitados para seu devido acolhimento, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1149/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 112/14, de autoria do Ver. Márcio Bins Ely, que obriga casas noturnas e locais de espetáculos ou de eventos a identificar, por meio de crachá, funcionários e prestadores de serviço terceirizados, revoga a Lei nº 10.771, de 9 de novembro de 2009, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1207/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 116/14, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que obriga os estabelecimentos que comercializam leite a afixarem, em seu interior ou em sua fachada, em local visível ao público, placas ou cartazes informando os nomes das marcas de leite adulterado mediante mistura de ingredientes estranhos e nocivos à saúde e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1242/14 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 020/14, de autoria do Ver. João Derly e da Verª Jussara Cony, que concede a Comenda Porto do Sol à Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

 

PROC. Nº 1321/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 126/14, de autoria do Ver. Tarciso Flecha Negra, que denomina Rua José Eloy Fagundes o logradouro não cadastrado conhecido como Rua C – Vila dos Eucaliptos –, localizado no Bairro Mário Quintana.

 

PROC. Nº 1419/14 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/14, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que inclui art. 17-A e revoga o inc. IV do caput e o § 2º do art. 4º da Lei Complementar nº 740, de 16 de maio de 2014 – que institui o Estatuto do Pedestre, cria o Conselho Municipal dos Direitos e dos Deveres do Pedestre (Consepe), revoga a Lei nº 10.199, de 11 de junho de 2007, e dá outras providências –, estabelecendo prazo para a regulamentação dessa Lei Complementar, excluindo as passarelas em vias de grande fluxo de trânsito ou com mais de 2 (duas) faixas de rolamento do rol de direitos assegurados ao pedestre e excluindo a definição de tempo mínimo para a programação de sinaleiras para pedestres.

 

PROC. Nº 1434/14 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/14, que autoriza o Poder Executivo a contratar financiamento junto ao Banco do Brasil S/A e dá outras providências.

 

 

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0987/14 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 010/14, de autoria do Ver. João Derly, que inclui § 3º no art. 36 da Lei Complementar nº 478, de 26 de setembro de 2002 – que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre, disciplina o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores do Município de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores, estabelecendo requisitos especiais para a concessão de aposentadoria voluntária por tempo de contribuição aos servidores da Guarda Municipal.

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Socias Villela): Não há inscritos para discutir a Pauta. Visivelmente, não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h56min.)

 

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